Cabelos e penteados através dos tempos

O cabelo serve para proteger a cabeça contra os raios solares e amortecer batidas, certo? Errado!
Através dos tempos cabelos se tornaram símbolo sexual, cultural, status, personalidade, moda e símbolo religioso.
Budistas, raspam a cabeça para mostrar o desapego. Rastafáris exibem os longos dreadlocks para representar a aproximação africana com a natureza, algumas religiões proíbem as mulheres de cortar os cabelos.
Na Segunda Guerra as mulheres que traíam os maridos com soldados como punição tinham os cabelos cortados.
Muitos estudos relatam que o homem primitivo via o cabelo como símbolo de força e virilidade. Já haviam pentes de pedra na pré história.
Os Egípcios raspavam a cabeça e usavam perucas de cabelos humanos ou lã, com corte reto, franja, na altura do queixo ou do ombro, tingidas de preto azulado e de henna alaranjada, muitas vezes ornamentadas com tranças e peças de marfim e ouro.

Para ondular os cabelos, as mechas eram enroladas em pedaços de madeira, depois eram passada uma mistura de argila e água exposto ao sol para modelar.


Na Grécia, aparecem os rabos de cavalo usados pelas mulheres, as barbearias eram frequentadas por homens. Produtos naturais eram usados para dar perfume e brilho. As mais abastadas salpicavam ouro em pó para dar brilho aos cabelos. Algumas perucas eram feitas com cabelos loiros de escravos bárbaros.

Os romanos usavam cabelos e barbas ondulados com ferro quente, mulheres cabelos ondulados divididos ao meio, penteados elaborados e tranças. Aplique eram usados pra dar volume. Escravos e ladrões tinham o cabelo bem curto.

Escravas eram treinadas para embelezar as senhoras, essas eram chamadas de cosmetae, elas ajudavam no banho, maquiagem e penteados. Com a escassez da mão de obra, elas começam a trabalhar fora para outras senhoras da corte, ganhando bem e podendo comprar a sua liberdade e se tornam as  primeiras cabeleireiras da história.


Na idade média os cabelos foram escondidos em adornos elaborados e bem grandes, o peso dos adornos na cabeça, faziam com que a cabeça caísse para trás, surgindo a expressão ” Nariz empinado”. Os cabelos eram tirados próximo a testa, para deixa-la maior.
                                                           Retrato de Lady Rogier -Van Der Weyden
No Renascimento o cabelo volta a aparecer, a testa grande ainda é o ideal de beleza. O penteado usado por Ana Bolenha é preso, dividido ao meio com um adorno que cobre toda a parte de trás da cabeça chamado capelo, também eram usados muitos véus cobrindo a parte de trás da cabeça. As mulheres do Renascimento italiano exibem seus cabelos com tranças e fitas.
                                                                        Ana Bolena e Henrique VIII
Para deixar o cabelo mais loiro, elas se expunham ao sol com misturas de azeite e vinho, limão, enxofre, ruibarbo, nozes, cascas de cebola. Para perfumar usavam almíscar, cravo, água de rosas e noz moscada.
Elizabeth I usava cabelos vermelhos e  penteados estruturados que eram feitos com os cabelos sujos, algumas pesquisas falam que até dejetos de andorinhas e cerveja eram usadas para segurar os penteados.

No período barroco os homens tinham cabelos longos naturais, as mulheres com penteados super elaborados e altos. As perucas começam a ser usadas a partir de 1660 quando Luis XIV começa a ficar careca e adota o acessório, logo a novidade ganha a alta sociedade. As mulheres usavam cabelos partidos ao meio com cachos e a partir de 1690 os cachos caem sob a testa.
                                                THOMAS GAINSBOROUGH. 1727-1788 Duquesa de Beaufort

O  Fontange, o nome origina-se da Marquesa Fontange, que foi durante algum tempo a amante do rei Luís XIV e um dia ele a viu se arrumando com os cabelos para cima e pediu para que ela os usasse daquele jeito. O penteado é estruturado para cima da cabeça com a ajuda de arames ou com rendas engomadas sempre com muita altura.
 O ápice dos penteados e adornos de cabelo acontece no Rococó com perucas e cabelos empoados, tanto para homens quanto para mulheres. Penteados podiam chegar a 1 metro de altura, tendo enchimento no centro ou arame para estruturar. Crinas de cavalos também eram usadas nos penteados. Frutas, barcos, jóias, penas, plumas, rendas, flores eram usadas nos gigantescos penteados.

Depois da revolução francesa o cabelo se torna extremamente simplificado, preso, dividido ao meio com cachos. Eram também usado os bonnets, um chapéu curto que cobria as orelhas.

Na era Vitoriana os cabelos ganharam cachos, coques no alto da cabeça e tranças.

Belle Epoque, os cabelos ondulados, presos no alto da cabeça em coques frouxos e tranças. Chapéus com plumas e ornamentos na cabeça. Nasce as primeiras pin-ups da história, Gibson Girls,  criadas pelo ilustrador Charles Dana Gibson, ele retrata penteados do ideal de beleza da época. Em 1890 em Chicago, foi inaugurada a primeira escola de cabeleireiros da história.


1905, Charles Nasser lança o primeiro objeto cilíndrico que mondava cabelos enrolados no calor da eletricidade.
1920,  A grande revolução, pela primeira vez o andrógeno entra na moda, mulheres cortam os cabelos curtos e usam roupas retas que não mostram as suas formas. Chanel, estilista que influenciava muitas mulheres, queimou os cabelos e para reparar o estrago cortou abaixo da orelha, logo o penteado virou referência.
Outro corte bem curto foi o a La garçonne, com nuca aparente, usados muitas vezes com pasta para colar na cabeça ou ondulados, geralmente com divisão lateral. A testa era escondida por uma franja ou chapéu Cloche e também por faixas e lenços.
                                         Mulher ondulando o cabelo em 1920 com a invenção de Charles Nasser

1930, os cabelos maiores e ondulados. As  divas do cinema ditam moda e os cabelos platinados, até então inéditos, viram fetiche . Revlon e Max Factor lançam produtos especializados para os cabelos.
                                                                                             Jean Harlow
1940, época de guerra. As Pin ups eram o símbolo sexual. Mulheres simplificam os penteados por falta de recursos. Os lenços e turbantes são usados para cobrir os cabelos maltratados e também para não atrapalhar no trabalho domésticos e nas indústrias. Carmem Miranda se destaca com seus adornos de cabeça. No final dos anos 1940, sprays para cabelo em aerosol começam a ser produzidos.    

                                                                              
1950, a sofisticação dos cabelos, curto, médio e longo, penteados diversos, muitas ondas. Surgem tinturas para aplicar em casa. O loiro ondulado da Marylin Monroe, o rabo de cavalo da Brigite Bardot e o curto da Dóris Day são imitados. 
                                                                                         Doris Day
1960, surge o unissex, e o coque banana, O laquê deixa os  penteados com volume, estilo capacete. Apliques e perucas também eram apreciados. O coque chucrute lançado por Brigite Bardot ( coque alto, volumoso, mais bagunçado), fez sucesso.
                                                                                   Coque Chucrute
1970, cabelos naturais, compridos, soltos, displicentes foram usados. O movimento punk trouxe cabelos raspados, espetados, pintados. Os black power também surgem nos anos 70.
Os cabelos da Twiggy e Farrah Fawcett ( As Panteras) viraram febre.
                                                                                     Farrah Fawcett
1980, permanente para enrolar os cabelos, corte curto no topo da cabeça e maior na nuca ( Mullet ), usado por ambos os sexos, penteados com glitter, cabelos volumosos. Rabos de cavalo bem altos, faixas na cabeça, o fitness entra na moda.
                                                                                     Madonna

Lady Diana representa o visual mais elegante e comportado da época.

                                                                                            Lady Diana
Em 1990, destaque para os lisos com mechas marcadas. A industria da beleza lança diversos produtos para os cuidados com os cabelos.

2000, depois do 11 de setembro os penteados ficam mais românticos, tranças e coques voltam a moda. Os cabelos loiros e ondulados da Gisele Bündchen se tornam febre.
                                                                                       Bündchen

Imagens: reprodução

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